Eu já vou avisando que este post é uma declaração de amor. E como toda a boa declaração de amor deve ser, é brega. So, bear with me.
Eu estava pensando em quantas coisas a gente ama nessa vida e quantas delas fazem diferença de fato. E eu estava dividindo as pessoas em categorias pelo amor às coisas que possuem, e o que é passível de ser amado de fato. Existem pessoas que amam outras pessoas, pessoas que amam animais de estimação, pessoas que amam roupas, pessoas que amam qualquer porcaria tecnológica que aparece por aí, e pessoas que amam cidades. Eu faço parte deste último grupo. E, embora eventualmente eu ame todas as coisas da lista acima, eu gosto de lembrar de mim como uma pessoa do último grupo. Afinal, vamos ser práticos: pessoas podem nos decepcionar. Animais de estimação fogem ou morrem. Roupas estragam ou saem de moda e gadgets eletrônicos...bom, esses a cada mês já existe um novo para colocar o que você tem no chinelo. Mas amar uma cidade, está aí um amor capaz de criar devoção eterna.
Eu tive a sorte de experimentar isso, quando cravei meus pés pela primeira vez em Londres. Cética como sou, quase não acreditei quando tive a certeza de que já havia estado ali antes. Nada foi mais natural do que cruzar os portões da Victoria Station e ganhar as ruas inglesas, como se elas fossem minhas por todos esses anos. Durante meses eu e ela travamos, por assim dizer, uma relação de paixonite aguda e diária. Eu não tinha olhos para outras cidades, não via nenhum defeito nela e, por mais que eu a conhecesse bem conforme o nosso relacionamento ficava mais sério, ela sempre me fazia surpresas para eu não cair na monotonia.
Quando finalmente tive de deixá-la, após meio ano juntas, a separação não foi nada fácil. Fiz juras de amor eterno e aceitei o impensável: resolvemos manter um relacionamento à distância, com direito a cobranças e crises de ciúme de tempos em tempos. Morria de raiva quando alguém avisava que iria cruzar o oceano para encontrá-la. Mas aprendi que, mesmo querendo fidelidade, cidades não são assim, de uma só pessoa. E se eu a queria de verdade, deveria enfrentar o fato de que outros seriam passíveis de se apaixonar por aquelas ruas também. Nos primeiros meses longe dela, achei que tamanha paixão só podia ser fogo de palha, e que logo me esqueceria de todo o conforto que ela me oferecia. Mas os ponteiros seguiram em frente e me vi estacionada nas lembranças. Foi aí que percebi que já era tarde demais: Londres estava destinada a entrar no rol dos amores eternos que tenho.
Eu tive a sorte de experimentar isso, quando cravei meus pés pela primeira vez em Londres. Cética como sou, quase não acreditei quando tive a certeza de que já havia estado ali antes. Nada foi mais natural do que cruzar os portões da Victoria Station e ganhar as ruas inglesas, como se elas fossem minhas por todos esses anos. Durante meses eu e ela travamos, por assim dizer, uma relação de paixonite aguda e diária. Eu não tinha olhos para outras cidades, não via nenhum defeito nela e, por mais que eu a conhecesse bem conforme o nosso relacionamento ficava mais sério, ela sempre me fazia surpresas para eu não cair na monotonia.
Quando finalmente tive de deixá-la, após meio ano juntas, a separação não foi nada fácil. Fiz juras de amor eterno e aceitei o impensável: resolvemos manter um relacionamento à distância, com direito a cobranças e crises de ciúme de tempos em tempos. Morria de raiva quando alguém avisava que iria cruzar o oceano para encontrá-la. Mas aprendi que, mesmo querendo fidelidade, cidades não são assim, de uma só pessoa. E se eu a queria de verdade, deveria enfrentar o fato de que outros seriam passíveis de se apaixonar por aquelas ruas também. Nos primeiros meses longe dela, achei que tamanha paixão só podia ser fogo de palha, e que logo me esqueceria de todo o conforto que ela me oferecia. Mas os ponteiros seguiram em frente e me vi estacionada nas lembranças. Foi aí que percebi que já era tarde demais: Londres estava destinada a entrar no rol dos amores eternos que tenho.
Eu acredito que encontrar uma cidade para amar é a coisa mais importante que pode acontecer na vida de uma pessoa e, provavelmente, o relacionamento mais intenso e feliz no qual você vai se envolver. Eu não brinco quando digo que uma cidade é o melhor namorado que alguém pode ter, e a intimidade que se desenvolve ao longo dos anos é como um casamento que dá certo: só fica melhor com o passar do tempo. Ela está sempre presente, dia e noite, sempre pronta pra te oferecer algo novo e divertido. Sabe te deixar sozinha quando você fecha as cortinas e não quer ver a luz do dia, e traduz em suas ruas a paz que você sente por tê-la como companheira. É como andar de mãos dadas com o amor da sua vida, mesmo não tendo ninguém pra chamar de seu.
Durante muito tempo, eu achei que meu relacionamento com Londres estaria fadado a escapadas esporádicas e namoricos de uma semana...que sempre acabariam comigo chorosa em um avião rumo à América do Sul. Mas eis que resolvi assumir minha porção "heroína de comédia romântica", e decidi lutar pelo nosso amor. Após alguns anos, enfim, embarco para ver se a gente vai ter o nosso "happily ever after". Vamos ver se o amor ainda é o mesmo. Então, aguardem, pois em breve eu passo a dividir tudo o que nós - eu e a minha adorada cidade - andamos fazendo juntas.
Pronto. Aí está a minha declaração de amor. Enquanto eu espero o famigerado reencontro...e você, ama o quê?
Respondo a pergunta: você.
Lindo lindo texto. Suspirei. Que esse relacionamento seja forte e duradouro!
have a safe trip to your old-new home!
Chorei. Mentira, mas amei o texto e a forma como tu conseguiu transcrever o teu amor por uma cidade de vários amores.
Sorte sempre!
Beijo grande
Teu texto me umidifica a retina! Sei bem o que é amar uma cidade, e, além disso, com tantos defeitos e máculas que tem o meu amor. Mas até onde sei, você já foi vista traindo seu amor com a minha amada, proferindo até declarações amorosas sob a luz d´um por do sol carioca.
Rê,
Que texto lindo! Já dizia Samuel Johnson "When a man is tired of london, he is tired of life."
Aproveita cada minuto aí!
beijos Lud